quinta-feira, 9 de junho de 2011

TODA CRIANÇA TEM SUA INFÂNCIA


Adivane Bresolin[1]


RESUMO
A busca pelo conhecimento da diferença que há entre criança e infância, traz com muita percepção a busca continua por profissionais que estejam aptos a mudanças, sendo que os estudos que tive me fizeram entender que as crianças são todas iguais fisicamente sendo que a diferença esta na infância a forma como a mesma for estimulada, onde muitas vezes acabam despercebidas e prejudicadas.

Palavras-chave: Criança, infância, estimular, competência.


INTRODUÇÃO

Com o objetivo de sermos profissionais competentes, para trabalhar com crianças que frequentam a educação infantil e séries iniciais; sentiu-se necessidade de buscar  conhecimentos que são fundamentais na vida de profissionais que procuram a satisfação de seus educandos. Para tanto, devemos estar sempre em busca de novos métodos e maneiras de conquistar nossa “clientela”. Para tal, devemos conhecer a diferença que existe entre a criança e a infância, pois na vida das crianças tudo pode ser mudado de acordo com as pessoas que convivem, e por quem a mesma é estimulada. Sua vida em sociedade e muitos outros fatores acabam contribuindo para uma evolução ou uma regressão em sua vida social e sentimental.
Para tanto um dos principais meios de alcançar esta satisfação é conhecer a realidade de cada um. Ver em que fase de desenvolvimento encontra-se e compreender como cada um se desenvolve, por estes e outros motivos como não tinha conhecimento do assunto, escolhi pesquisar sobre a diferença que há entre a criança e infância com adjetivo de descobrir como trabalhar com elas, sendo que as mesmas sejam estimuladas, para serem futuramente sujeitos ativos em nossa sociedade.

BUSCANDO O CONHECIMENTO DE TAL DIFERENÇA

Quando buscamos trabalhar com crianças inclusas em educação infantil, devemos em primeiro lugar buscar conhecer a vida das mesmas, a partir do conhecimento de como vivem, com quem vivem e onde vivem, descobriremos quais as necessidades e possibilidade que há de desenvolvimento em cada criança e a partir dai trabalharemos a realidade de cada uma delas, estimulando as mesmas para que sua infância seja desenvolvida, pois como é de nosso conhecimento muitas crianças sofrem por toda sua vida por conta do convívio ou talvez pela falta de estimulo de seus professores e colegas durante o seu desenvolvimento, que acontece na infância.
Neste sentido, a escolha do tema Educação Infantil, teve como maior objetivo, a busca por melhor entendimento sobre a vida das crianças, para descobrir e entender suas realidades culturais, vivências, para tornar mais fácil o trabalho com os mesmos dentro e fora da sala de aula, pois até então não tinha o conhecimento da diferença que há entre a Criança e Infância percebendo que é importante buscar em nossas escolas melhoras quanto ao individualismo, às explorações que temos em nossa sociedade, principalmente quando são crianças de classe baixa, nós devemos buscar  melhoria nas condições de vida de todos os envolvidos.

Estas instituições, assim como toda instituição educacional convive com o binômio “atenção/controle”: ao mesmo tempo em que é dada a necessária atenção as crianças, elas também estão sendo controladas para aprender a viver em sociedade. Cabe garantir que a balança penda para “atenção” e “controle” deverá estar voltado, não para o individualismo, conformismo e a submissão, mas para o verdadeiro aprendizado de vida em sociedade: solidariedade, generosidade, cooperação, amizade. A “dupla alienação” da infância, isto é, a criança rica privatizada, alienada antecipando a vida adulta através de inúmeras atividades; a criança pobre explorada, também antecipando a vida adulto no trabalho, deve ser combatida fazendo da creche um oásis, um lugar onde se torna criança, onde se descobre(se conhece) o mundo através do brincar, das relações mais variadas com o ambiente, com os objetos e as pessoas, principalmente entre elas: as crianças. Assim, ao invés de falarmos no desaparecimento da infância como alguns estudiosos estrangeiros vêm fazendo, poderíamos falar em uma nova descoberta da infância. (Kuhlmann, 1999.p 23).

Através da observação realizada junto à escola parceira, percebo que devemos nos preparar, pois as crianças exigem um profissional que seja polivalente, ou seja, que trabalhe de diversas maneiras para que os mesmos se sintam capazes de se realizar dentro do contexto escolar, sendo um profissional brincalhão, organizado, competente e inovador. Além disso, que traga consigo muito amor, dedicação e respeito para com todos; assim poderão trabalhar de forma com que os alunos adquiram uma educação de qualidade, fazendo com que a mesma sinta o prazer de ser criança desenvolvendo suas possibilidades de aprender e atuar em sociedade, onde o estimulo traz uma Formação, para que Sua infância não passe despercebida como acontece para muitas crianças.
 Neste sentido Sarmento afirma que:

A infância tem sofrido um processo idêntico de ocultação. Esse processo decorre das concepções historicamente construídas sobre as crianças se dos modos como elas foram inscritas em imagens sociais que tanto esclarecem sobre os seus produtores (o conjunto de sistemas estruturados de crenças, teorias e idéias em diversas épocas históricas) quanto ocultam a realidade dos mundos sociais e culturais da criança na complexibilidade da sua existência social. (2007 p.25- 26).

Essas idéias dependem da forma de pensar de cada pesquisador ou avaliador, onde para muitos a infância é apenas uma fase, para outros é o momento em que a criança terá a base para a vida adulta, outros, ainda, vêem a mesma como um adulto em miniatura; sendo que muitas vezes esta fase da vida da criança passa sem ser estimulada para tornar um cidadão capaz de desenvolver seu próprio “eu”.
O interesse histórico pela infância é relativamente recente, a infância aparece muito tarde sendo uma das razões que levam Aires, 1973 apud Sarmento (1997, p.26) afirmar:

[...] a inexistência do sentido da infância, [...] sendo que a infância é um ser em devir, [...] anulando a complexibilidade da realidade social da criança, há uma marginalidade conceptual no que  respeita à idéia ou imagem de infância no passado, [...] a ausência física da imagem infantil é a expressão maior do que Áries designou como ausência de consciência da idéia da infância[...].

Esta fase na vida da criança não é a idade da não fala, pois desde seu nascimento a criança já em múltiplas linguagens não sendo a idade da não razão e nem do não trabalho, de imagens sociais contemporânea da infância afirma a criança como desprovida, ou como portadora de imaturidade social recusando a cidadania da infância política e parcialmente civil.
A infância deve a sua diferença por se reencontrar em diferentes formas em cada criança, pois cada uma tem uma infância que é diversificada das outras, não pela ausência do ser humano adulto, mas pela presença de características distintas, pois pertence a diferente classe social, ao gênero masculino ou feminino, não importando o espaço geográfico, cultura, etnia, todas as crianças têm algo em comum, assim sendo, todas tem o mesmo direito: viver uma vida digna de amor, compreensão e dialogo. Afinal, muitos têm sua infância prejudicada pela desvalorização e desmotivação, onde são interrompidos pela vida bruta que levam.
As crianças são vistas como cidadãos do futuro, no presente são afastados do convívio coletivo salva no contexto escolar, onde são resguardados pela família sendo que a privatização da criança não atinge em totalidade, cabendo a todos valorizar os direitos e deveres dos mesmos. As mesmas são vistas como ser dotado que percorre sucessivas etapas de desenvolvimento, numa lógica cumulativa, linear e progressiva até atingir os estágios cognitivos e morais adultos. O construtivismo pressupõe a infância como sinal de incompletude e imperfeição. A infância é a idade da inscrição direta a problemática da norma social, não sendo suficiente interpretar o pensamento infantil como um sistema reflexivo que importa estudar a partir de si próprio. Não recusa a interpretação pelos adultos das produções cognitivas da criança como sujeito do conhecimento ao procedimento analítico e interpretativo.
Quando observo as crianças, logo me parece lógico que as crianças necessitam de cuidados especiais. No Documentário “crianças invisíveis” podemos observar um contraponto disso. A realidade que ele nos apresenta é outra: onde as crianças muitas vezes são obrigadas a viver a vida de um adulto, acabam amadurecendo de forma drástica, pois precisam ser independentes havendo, então, uma invenção de papeis. Esta parece não ser vista pela sociedade Invisível, já diz o nome. São crianças com responsabilidade de adultos. Quando se trata da realidade de vida que levam as crianças brasileiras, ilustra-se o cenário, que muitas vezes não tem outro meio de sobrevivência, são obrigadas a sair pelas ruas catando latinha, papelão, para sua sobrevivência e por fim ainda são explorados por serem miseráveis e crianças. Mas apesar de levar a vida que levam ainda percebe-se que no rosto deles a esperança, permanece apesar de terem uma infância cheia de problemas eles conseguem trabalhar buscar o seu sustento e encontram uma maneira de aprender, fazer conta, as boas maneiras, brincam, e parece que a maneira como eles fazem estas brincadeiras ela torna boa e eles sentem realizados.
Assim, muitas crianças são motivadas pelos pais para o roubo, outros acabam roubando para sustentar seus vícios. Por isto, sinto a necessidade de incentivo para estas crianças por parte muitas vezes dos próprios pais, que acabam com uma vida dura, e obrigada a amadurecer através do sofrimento de cada dia. Podemos ver no rosto destas uma tristeza enorme, mas nos olhos dos mesmos há uma grande esperança de dias melhores.
Tonucci contribui com a reflexão entre o estudo teórico e a parceria e realizado até o momento, em seu livro Com Olhos de Crianças (1997), as imagens apresentadas nos provocam um movimento de repensar constante. Para tanto, trago algumas destas como forma de complemento ao texto. Optei por duas imagens por achar que estão mais voltadas para a realidade que vejo nas escolas. A primeira que destacada diz que: “A criança tem um corpo e uma história”, e realmente é o que acontece em nossas escolas. Cada criança tem seu corpo, mas cada corpo tem sua história, todos são crianças, mas que levam a vida de diferentes formas, onde uns tem uma infância boa, onde vivem com seus familiares e são motivados para que tenham uma vida com qualidade para brincar, pular, estudar. Já a segunda figura diz que “As crianças são vistas de cima”, para mim quer dizer são vistas como adultos. Que são responsáveis para ajudar nos deveres de casa, tendo desde muito cedo o dever de ajudar em tudo e para tudo. Muitos vivem nas ruas sofrendo, sendo discriminados e rejeitados, sem direito de uma vida digna, sem estudo, sem amor, muitas vezes catando lixo para sobreviver, isto é ter responsabilidade de adulto, não vivendo a infância que é de direito de toda criança.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao analisar na escola percebe-se que muitos dos profissionais que estão atuando nela não estão preparados para a atual realidade de cada educando, onde tratam todos de mesma maneira, sem perceber que há esta diferença, apenas analisam que sendo de mesma serie ou idade terão a mesma capacidade, pois eles não conhecem qual é a realidade que vive cada educando, nós como futuros profissionais devemos estar atentos para estimular as crianças no decorrer de sua infância, pois é a fase em que as mesmas mais aprendem e é a base para a vida em comunidade,. Percebe-se que conforme agimos com as mesmas, elas repetirão os mesmos atos para com os outros, então se dermos uma fase digna para que desenvolvam uma mente em que “guardem” coisas boas, com certeza no futuro serão cidadão que reconhecerão para com a humanidade fazendo com que o mundo torne um pouco menos agressivo, onde cada um saiba quais são os seus direito e deveres através deles ter a vida necessária para adquirir um futuro brilhante, sendo que após este estudo, da diferença, posso dizer que as crianças fisicamente são todas iguais, porém a diferença está na maneira como ela é estimulada, sendo que muitas vezes é baseada nas condições sociais e culturais a que pertence.


REFERENCIAS


CHAREF, Mehdi; LUND Kátia; LEE, Spike; et al. Documentário “crianças invisíveis”. Itália, 2005

SARMENTO, J.M.Visibilidade social e estudo da infância. IN: Infância (in) visível.

VASCONCELOS, V.M.R; SARMENTO, J. M. (org),ed.Junqueira & Marina, 2007

TONICCI, Francisco. Com olhos de criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

KUHLMANN, Moysés. Educação infantil e currículo. Pelotas.1999.




[1] Aluna do Curso de Licenciatura em Pedagogia a Distância da UFPEL.

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