segunda-feira, 27 de junho de 2011

AS BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL


Loreni Rodrigues da Costa1


Resumo
Procurei mostrar no trabalho a importância que a brincadeira e do brincar representam durante a infância para um desenvolvimento saudável da criança. Também mostra um pouco da realidade de algumas crianças que simplesmente não vivem a infância como deveriam. É papel do educador estimular através dos jogos e brincadeiras a criança para que ela melhor desenvolva suas habilidades, toda criança tem o direito de viver a infância de forma correta, ou seja brincando, criando e imaginado.
Infância-criança-brincadeira-brincar




Introdução

O presente trabalho visa relatar uma das melhores fases da vida: A infância, para tanto realizou-se uma pesquisa na Escola Municipal de Ensino Fundamental Pedro Sarturi, escola esta onde realizo minha parceria do curso de pedagogia.
Na escola observei os alunos em geral, mas em especial os da pré-escola onde pude perceber de que maneira são realizadas as brincadeiras e o brincar.
Deste modo entendi a importância do brincar e das brincadeiras na Educação Infantil, comprovando na realidade da escola e na teoria de alguns estudiosos.
Mesmo sendo de suma importância e assegurado por lei nem todas as crianças desfrutam do brincar e das brincadeiras, essas crianças vivem uma cruel realidade como mostra o documentário Italiano: Crianças Invisíveis do Diretor Mehdi Charef, o qual retrata a realidade enfrentada por crianças de várias partes do mundo.
Também ressalta que os educadores devem dar mais importância para as brincadeiras nesta fase, para que a criança tenha um desenvolvimento saudável.


Infância melhor idade para brincar

Considera-se como Educação infantil, o período de vida escolar em que se atende, pedagogicamente, crianças com idade entre 0 e 05 anos e 11 meses(Brasil), segundoBoz. Na Educação Infantil, as crianças são estimuladas, através de atividades lúdicas e jogos, a exercitar suas capacidades motoras, fazer descobertas, e iniciar o processo de letramento.
A Educação Infantil tem grande importância no desenvolvimento da criança, já que as atende nos seus primeiros anos e é nestes que as mesmas aprendem e desenvolvem valores que levam para toda a vida. A Educação nesta fase tem de ser de forma prazerosa e lúdica, mas que ao mesmo tempo integre com o social e cultural.
Boz (2007, p.08) contribui neste sentido:
A proposta pedagógica da Educação Infantil deve levar em consideração o desenvolvimento da criança, despertando a autonomia, a criticidade e a responsabilidade. Sendo assim, o trabalho da Educação Infantil deve ter como base a realidade sociocultural da criança, as áreas do desenvolvimento (cognitiva, sócia afetiva e psicomotora) e do conhecimento (âmbito do conhecimento de mundo e âmbito de formação pessoal e social).

A melhor forma para desenvolver todos essas aspectos na criança na Educação Infantil é através do brincar, ou seja, de jogos e brincadeiras.
Há muito tempo discute-se a questão dos jogos e brincadeiras e sua importância no desenvolvimento da criança. Definir a brincadeira não é fácil, de acordo com Kishimoto (1997) apud Robles (2000, p.1) “...uma criança atirando com um arco e flecha pode ser uma brincadeira ou pode ser uma criança que está se preparando para a arte da caça (como num contexto indígena)”.
Nos dias de hoje não se pode falar da educação infantil sem que se fale nos jogos e brincadeiras que fazem parte desta faze.
Lourenço Filho (1959, p.79-80) afirma:
[...] não se pode tratar de questões da pedagogia atual sem que se fale de jogo e atividades
livres. Como hoje observam graves filósofos, a cultura humana brota do jogo, e nele, só
Por ele, vem a desenvolver - se. Pelo menos, o jogo é anterior a qualquer construção da
Cultura, o que demonstra que por ele é que manifestam as forças criadoras do homem.

Vários autores têm caracterizado a brincadeira como a atividade ou ação própria da criança, voluntária, espontânea, delimitada no tempo e no espaço, prazerosa, constituída por reforçadores positivos intrínsecos, com um fim em si mesma e tendo uma relação íntima com a criança. Assim pode se dizer que o brincar faz parte da infância, porém em várias ocasiões os adultos (pais ou professores) propõem determinadas atividades para as crianças que parecem não cumprir esses critérios, mas que são chamadas de "brincadeiras" pelos adultos.
Para Wajskop:
São várias as dificuldades que existem com relação à definição e caracterização da brincadeira, entretanto, é certo que a brincadeira assume um papel fundamental na infância. Numa concepção sócia cultural, a brincadeira mostra como a criança interpreta e assimila o mundo, os objetos, a cultura, os afetos das pessoas sendo um espaço característico da infância. (1995, p.41)

Neste sentido observei os alunos da turma da pré-escola e fiquei me perguntando quais as brincadeiras adequadas para essas crianças? E o que realmente é considerado "brincadeira" por eles?
Nós educadores devemos tomar cuidado nesse aspecto, pois a brincadeira deve ser o momento de alegria descontração e não de opressão. Por exemplo: brincar de show livre tudo bem, a maioria adora cantar, mas e aquele que é quietinho e não gosta de cantar será que ele vai gostar de brincar de show livre? Neste momento o educador deve respeitar essa criança e não obrigar a fazer o que não quer.
As brincadeiras e o brincar proporcionam a aquisição de novos conhecimentos, desenvolvem habilidades de forma natural e agradável. O brincar é uma das necessidades básicas da criança, é essencial para um bom desenvolvimento motor, social, emocional e cognitivo. Maluf (2003, p.21) expõe em relação a isso:

Toda criança que brinca vive uma infância feliz, além de tornar-se um adulto muito mais equilibrado física e emocionalmente, conseguirá superar com mais facilidade, problemas que possam surgir no seu dia-a-dia.
A criança privada dessa atividade poderá ficar com traumas profundos dessa falta de vivência. Quando a criança brinca ela está vivenciando momentos alegres, prazerosos, além de estar desenvolvendo habilidades.

Assim mais uma vez destaco a importância das brincadeiras e do brincar, não só na Educação Infantil, mas também durante todo o período escolar.
Reforçando,

Algumas escolas já estão dando o devido valor ao brincar. Estão levando cada vez mais as brincadeiras, os jogos e os brinquedos para a sala de aula. Os professores, aos poucos, estão buscando informações e enriquecendo suas experiências para entender o brincar e como utilizá-lo para auxiliar na construção do aprendizado da criança. Quem trabalha na educação de crianças deve saber que podemos sempre desenvolver a motricidade, a atenção e a imaginação de uma criança, brincando com ela. O lúdico é parceiro do professor. (MALUF, 2003, p.29).

Sendo assim, fica claro que o incentivo do professor para o ato de brincar é fundamental. Certamente brincar não é ou será perda de tempo, ou atraso de conteúdos como afirmam alguns educadores, mas desenvolvimento, amadurecimento, criatividade e além de muitos outros aspectos que o brincar proporciona as crianças.
Apesar do brincar ter grande importância no desenvolvimento da criança, e da mesma ter em lei assegurado esse direito, nem todos desfrutam do mesmo, infelizmente há um grande número de crianças e adolescentes que não estão vivendo a infância de forma adequada, muitas vivem em situações lamentáveis, em uma constante luta pela sobrevivência.
Situações como essas são mostradas no documentário Italiano: Crianças Invisíveis do Diretor Mehdi Charef (2005), que relata a realidade em que vivem crianças de várias regiões do mundo, uma realidade triste de crianças que não tem chances de terem uma vida de criança, que são exploradas, que vivem no meio da guerra. Guerra de sobrevivência.
Este tem o nome “Crianças invisíveis”, acredito eu, que devido as crianças do filme não viverem como deveriam. Vivem exploradas sem proteção, sem escola, sem moradia, sem uma vida digna. Müller e Rodrigues (2002) apud. Lara (2005, p.2) "Percebem que meninos e meninas que moram na rua buscam e criam formas diversas de sobreviver aos processos de marginalização, sendo parte delas associadas ao brincar.". O documentário retrata duas crianças que moram na rua e que condiz com a citação de Müller e Rodrigues. Elas trabalham catando latinha e papelão, porém demonstram uma certa alegria, fazem do trabalho uma brincadeira. Talvez assim esqueçam a cruel realidade em que vivem.
Assim podemos concluir que a brincadeira faz parte da vida das diferentes crianças, nas diferentes realidades, quando a criança brinca vive o “momento de criança”.
O livro com olhos de crianças de Francisco Tonucci, contribui com este trabalho provocando através de imagens a reflexão entre a parceria e o estudo teórico realizado até o momento.
A imagem nomeada “O arquiteto: um espaço para a criança”, mostra que a criança ao ingressar na escola, imagina a mesma como um lugar encantador, onde ela vai encontrar-se consigo mesma, e realizar todos os seus desejos, colocar para fora seus sentimentos. Porém alguns acabam se decepcionando, pois a escola às vezes dá ao aluno somente o estudo, minha escola parceira aos poucos está se modificando, está entendendo que a escola vai muito além de um lugar para estudar.
A imagem nomeada “A criança tem um corpo e uma História”, ilustra a importância de valorizar a criança e sua história, ou seja, trabalhar baseado na realidade de cada educando, como nos mostra a imagem cada um tem um corpo e uma história.
A imagem nomeada “Entre a casa e a escola”, mostra que a criança as vezes é reprimida pelas mães em casa para que não se suje, então acaba muitas vezes sem saber o que fazer, quando tem atividades que pode se sujar na escola. Ela fica dividida entre a mãe e a professora, o fato é que toda criança precisa ser livre para brincar e se sujar, pois tudo isso faz parte da infância.
Assim concluo enfatizando que o brincar, é de suma importância na Educação Infantil. “O brincar proporciona a aquisição de novos conhecimentos, desenvolve habilidades de forma natural e agradável. Ele é uma das necessidades básicas da criança, é essencial para um bom desenvolvimento motor, social, emocional e cognitivo.” (MALUF, 2003, p.09)

Conclusão:


E através das brincadeiras que a criança faz novas amizade, melhora seu relacionamento com seus pais, educadores e entre colegas em um ambiente lúdico, tranqüilo.
Posso afirmar através de experiências vivenciadas com brincadeiras que a criança melhora a sua comunicação, a convivência e a interação grupal. Ela institui-se através da brincadeira,ou seja,ela aprende brincando.
Nas brincadeiras podemos observar, diariamente, a sua socialização, suas iniciativas, a linguagem, seu desenvolvimento motriz. Numa encantada forma de faz-de-conta a criança copia modelos e vivencia a seu modo, preparando-se assim para o futuro, experimentando as atividades e a realidade de seu meio.
A criança, através das brincadeiras, assimila valores, assume comportamentos, desenvolve diversas áreas do conhecimento, exercita-se fisicamente e aprimora habilidades motoras. No convívio com outras crianças aprende a dar e receber ordens, a esperar a sua vez de brincar, a emprestar e tomar emprestado, a compartilhar momentos bons e ruins, a ter tolerância e respeito, enfim, seu raciocínio e desenvolvido de forma prazerosa. A criança também encontra nas brincadeiras equilíbrio entre o real e o imaginário, alimenta sua vida interior, descobre o mundo.
Assim sendo o educador deve valorizar e estimular a brincadeira e o brincar para que nossos alunos possam desfrutar da mesma e ter uma infância saudável.
REFERÊNCIAS


BOZ, Claudia Gaertner, Orientações Metodológicas. 2007.

CHAREF, Mehdi; LUND Kátia; LEE, Spike; et al. Documentário “crianças invisíveis”. Itália, 2005.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O Brincar e suas Teorias. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.

LARA, Micheli Larissa.PIMENTEL, Giuliano Gomes de Assis.RIBEIRO, Deiva Mara Delfine. Et al. Brincadeiras cantadas: Educação e ludicidade na cultura do corpo, in: http://www.efdeportes.com/revista digital-Buenos Aires-nº81, fevereiro/2005.

MALUF, Ângela Cristina Munhoz, Brincar: Prazer e Aprendizado. Petrópolis, RJ: Vozes 2003.

MEC. Secretaria da Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Vol. 2. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume2.pdf. Acesso em: 18 de outubro de 2009, 17h30min.

ROBLES, Heloisa Menezes Estopa. A brincadeira na Educação Infantil. Disponível em: www.profala.comartpsico79. Pesquisado em: www.google.com.br

SILVA, Lea Shtallshmidt.GUIMARÃES, Adriana Batista.VIEIRA, Cristiane Elisa. Et al. O brincar como portador de significados e práticas sociais. In: revista do departamento de psicologia-UFF, v 17-nº2, p.07-87, julho/dezembro, 2005.

VYGOTSKI, L.S. O papel do brinquedo no desenvolvimento. In: A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

TONUCCI, Francisco. Com olhos de criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

WAJSKOP, G. O brincar na Educação Infantil. Cadernos de Pesquisa, 1995.


1 Aluna do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

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