segunda-feira, 9 de maio de 2011

EDUCAÇÃO INFANTIL


Iones Martins de Azevedo[1]


RESUMO

Os jogos e brincadeiras tem função social e é através deles que a criança descobre o mundo em sua volta, interage com colegas e professores, tem um desenvolvimento sadio, adquire aos poucos experiências de buscar coerência e lógica nas suas ações. É pelo brincar e repetir das brincadeiras que as crianças representam  papéis e desenvolvem a imaginação.

Palavras-chave: Criança; educação infantil; brinquedo; jogos.


INTRODUÇÃO
No decorrer deste artigo vou relatar alguns detalhes do surgimento da Educação Infantil no Brasil, suas conquistas, mais especificamente vou me deter sobre o ato de brincar nas creches e pré-escolas.
Após ter realizado minha pesquisa bibliográfica e muitas observações com as crianças do jardim e pré-escola, da Escola Municipal de ensino fundamental Padre Benjamin Rosato, localizada na cidade de Cristal do Sul, RS,  descobri que brincar traz muitos benefícios para o desenvolvimento saudável das crianças. É na sala de aula que as crianças encontram espaço de prazer e alegria, elas despertam capacidade de aprender, de pensar, compartilhar, se conhecer melhor e agir no meio social.
É através das brincadeiras que as crianças se comunicam, demonstram carências, medos, fantasias, emoções, imitam pessoas do seu meio, etc.
Entendi que o professor deve contemplar e analisar as brincadeiras e as manifestações corporais das crianças de seu entorno para poder compreendê-las melhor.
O meu objetivo, como já trabalho na educação infantil, é entender melhor sobre a vida das crianças e sobre a importância dos jogos e brincadeiras no desenvolvimento da imaginação e criatividade.
Surgimento da Educação Infantil


Por volta de 1920, a educação infantil passa a fazer parte do cenário brasileiro para atender crianças de 0 a 6 anos em instituições especializadas. Logo após as mudanças sociais e econômicas, causadas pelas revoluções industriais. Inspiradas por estas, muitas mulheres que  só cuidavam dos filhos e dos afazeres domésticos, decidiram se tornarem independentes financeiramente e também ajudar no sustento da família entrando no mercado de trabalho. Neste sentido  viram nas creches o lugar ideal para deixarem seus filhos enquanto trabalhavam fora de casa.
A educação infantil vem desde então ganhando  cada vez mais importância como uma das melhores formas de estimular corretamente e ajudar no desenvolvimento das crianças, para além do ato de cuidar.
Sob esta óptica, Boz afirma:

A educação infantil representa a primeira experiência de educação escolar vivenciada pela criança. É de fundamental importância que esse processo educativo esteja voltado para o seu desenvolvimento integral, evidenciando a indissociabilidade de suas características cognitivas, socioafetivas e psicomotoras, levando em conta os conhecimentos trazidos pela s crianças. (2007, p.05)


Brincar na Educação Infantil


O ato de brincar na educação infantil é uma atividade muito intensa, vários são os resultados desse ato. É através do brincar que a criança manifesta seus medos, angustias, conflitos e fantasias. O brincar também satisfaz algumas fantasias que na vida real não são permitidos. Para criança o brinquedo adquire vida e com ele é possível explorar a realidade, este permite expressar sentimentos e emoções que no cotidiano podem gerar sofrimento, mas no mundo da fantasia, podem ser transformado em alegria.
A criança tem necessidade de brincar desde os primeiros momentos de sua vida, pois é através do brincar que passa a conhecer o mundo e a si próprio. Além destes conhecimentos, brincar também estimula a criatividade e contribui para o desenvolvimento saudável das capacidades físicas, mentais e sociais. “Brincar é a fase mais importante da infância, do desenvolvimento humano, neste período, por ser a auto ativa representação do interno-representação de necessidades e impulsos internos.” (FROEBEL, 2002, p.54)
Pude perceber acompanhando  alunos do jardim e também  da pré-escola da  escola parceira que é através de brincadeiras que eles vão aos pouco se conhecendo melhor e aceitando a existência dos outros, compartilhando brinquedos e merenda, estabelecendo relações sociais.
Portanto, o brincar, ato lúdico e criativo, é tão serio quanto o trabalhar na vida adulta, tanto que o brincar ou não, pode ser um indicativo de que algo não esta bem, pois a criança precisa, de alguma forma, expressar suas mais autênticas e verdadeiras emoções. Sendo assim, estimular brincadeiras e proporcionar momentos de lazer e de bem estar pode ser uma excelente maneira de promover a saúde física e psíquica de nossas crianças da educação infantil.
Podê-se afirmar, então, que brincar é fundamental para o desenvolvimento da criança. Neste ato ela se comunica e se relaciona com colegas e professores através de gestos, sons e representa papéis na brincadeira, desenvolvendo assim capacidades importantes como: atenção, imitação, memória e imaginação. As crianças brincam de faz-de-conta, como se fossem o pai, a mãe, o filhinho, o médico, o paciente, heróis e vilões.
Alguns jogos e brincadeiras favorecem o reconhecimento do próprio corpo, o do outro e a imitação que podem se transformar em atividade de rotina. São atividades lúdicas que pouco se diferenciam, exceto os jogos de regras, onde o objetivo é ganhar, ter prazer.
Lourenço Filho afirma:
[...] não se pode tratar de questões da pedagogia atual sem que se fale de jogo e atividades
Livres. Como hoje observam graves filósofos, a cultura humana brota do jogo, e nele, só
por ele, vem a desenvolver-se. Pelo menos, o jogo é anterior a qualquer construção da
Cultura, o que demonstra que por ele é que manifestam as forças criadoras do homem.
(1959, p.79-80)
O ato de brincar tem a ver com o reconhecimento (dos sinais vitais) de sua alteração, como a respiração, os batimentos cardíacos, como sensação de prazer ou desprazer.
Neste sentido Kishimoto contribui:
A brincadeira é a forma do brincar definida como sendo uma conduta estruturada com regras. Ou seja, é uma forma de expressão da criança, seguindo de sua realidade para a fantasia estabelecida por ela própria, visando o prazer, a alegria, o envolvimento e a participação entre as crianças, tendo capacidade de se relacionar com os outros. (2003, p.07)
O brinquedo é uma atividade que nem sempre da prazer a criança, mas é uma forma de realizar desejos. Chupar chupeta, por exemplo, da mais prazer, pois existem jogos que só dão prazer se o resultado for interessante para ela. Há teorias que ignoram o fato de que o brinquedo preenche necessidades da criança, na idade pré-escolar ela envolve-se num mundo ilusório onde todos os desejos são realizados, no brinquedo a criança cria uma situação imaginária.
O Documentário Italiano: Crianças Invisíveis do Diretor Mehdi Charef  apresenta situações diversas sobre as realidades vividas por crianças  mundo todo, as crianças que vivem se escondendo da polícia, não tem infância como as crianças conhecidas por nós que brincam, estudam, tem família, enfim, são felizes. Na  escola parceira, acompanhada existem crianças pobres, mas não temos violência. As crianças apresentadas no documentário são reais, mas que vivem em um meio onde tem guerra, crimes, drogas.
Neste,  crianças do Brasil são retratadas catando lixo e vendendo. Exploradas, recebiam muito pouco pelo seu trabalho.  Muitas crianças  precisam trabalhar desde muito cedo para sustentar a família, (pais bêbados ou mortos) nem mesmo ir à escola elas conseguem. Buscamos trabalhar com as crianças a integração com as outras pessoas, o respeito pelo outro, instigamos nossos alunos a criatividade, a serem atuantes e defensores de seus direitos nunca esquecendo que temos deveres para cumprir.
No primeiro episódio deste ducumentário, os brinquedos das crianças eram armas e bombas, mas no final as crianças tinham bonecas, só que precisavam vender flores para garantir a alimentação.
O documentário é chocante, mexe com o coração da gente, faz valorizar mais a vida que levamos, pedi que meus filhos assistissem comigo e eles perguntaram: Mãe essas crianças são de verdade?
Considerando a oportunidade de trabalhar o ano inteiro com o jardim, crianças com 4 anos, de minha escola parceira observo que livro com olhos de crianças de Francisco Tonucci (1997), contribui com este trabalho provocando através de imagens a reflexão entre a parceria e o estudo teórico realizado até o momento. Uma delas nomeada como “Uma Creche para estar juntos” retrata que a criança tem um corpo e uma história, onde valorizei cada um dos sujeitos da parceria e também procurei conhecer as famílias e suas histórias.
A figura nomeada “Entre a casa e a escola” apresenta as diferenças e limites que as crianças têm entre a casa e a escola. Em casa a mãe fala para não se sujar. Na escola a professora dá trabalhos para pintar com tinta, brincadeiras com areia, no assoalho e muitas vezes as crianças não querem se sujar, e a professora intervém dizendo que não faz mal que se suje a mãe lava a sua roupa. Muitas vezes pedi que viessem na aula com uma roupa velha.
A figura nomeada “Os passeios instrutivos”, vem de encontro a realidade, neste sentido, pensando neste cenário, realizamos vários na escola parceira. Levava o jardim juntamente com duas colegas professoras da pré-escola e seus alunos; pegávamos duas cordas e todas as crianças em fila agarravam a corda.
A figura nomeada “A gramática da imaginação (homenagem a Rodari)” sobre a gramática da imaginação, onde tenho várias lembranças. Muitas vezes sentávamos em círculos e eu iniciava uma história e eles seguiam inventando até encontrar um final feliz.
A figura nomeada “100.000 massinhas” retrata um divertimento e tanto para os pequenos, o que meus aluninhos mais criavam eram jóias de massinha de modelar.
Já a figura nomeada “É importante ler com eles”, expressa a importancia de ler para os alunos para incentivar os mesmos desde cedo a entrarem no mundo da leitura e escrita.
É muito importante que a criança desde pequena esteja inserida no ambiente escolar, na educação infantil para aprender a conviver socialmente com outras crianças e adultos que não sejam o pai, a mãe e irmãos. Com atitudes e comportamentos diferentes, ela criará vínculos de amizade através das brincadeiras e passará se interessar para novas descobertas no aprendizado.


Conclusão

Após ter realizado meu trabalho sobre o brincar na Educação Infantil e ter observado meus alunos do jardim, percebo que eles realizam pequenos trabalho de pintura, recorte, colagem, porque nós professores pedimos que façam o que sentem mesmo é necessidade de brincar em grupo. O ato de brincar tem função social, cada criança se comporta a sua maneira.
É através de brincadeiras e jogos que se desenvolve a motricidade, a mente, a criatividade, demonstram medos e angustias, fantasias e acabam conhecendo melhor o mundo que está a sua volta.
No repetir das diversas brincadeiras que as crianças adquirem um novo saber fazer algo, incorporam a cada vez que brincam novamente.
Neste sentido, observamos o papel do educador como estimulador/mediador para fazer com que as brincadeiras estejam presentes na vida das crianças.


REFERÊNCIAS


BOZ, Claudia Gaertner, Orientações Metodológicas. 2007.

CHAREF, Mehdi; LUND Kátia; LEE, Spike; et al. Documentário “Crianças Invisíveis”. Itália, 2005.

FROEBEL, 2002 apud. PAIER, Sonia Mara Gemelli, 2008.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O Brincar e suas Teorias. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.

MALUF, Ângela Cristina Munhoz. Brincar: Prazer e Aprendizado- Petrópolis, RJ: vozes 2003.

MEC. Secretaria da Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Vol. 2. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume2.pdf. Acesso em: 18 de outubro de 2009, 17h30min.

VYGOTSKI, L.S. O papel do brinquedo no desenvolvimento. In: A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991
.
TONUCCI, Francisco. Com olhos de criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
 



[1]              Aluna do Curso de Licenciatura em Pedagogia a Distância da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)

Um comentário:

  1. Olá Colega Iones!

    Li o sua postagem, esta muito bom e completo o seu artigo. Parabéns!!. Educaçao Infantil é a base, é o começo, por isso o lúdico, o brincar devem estar presente na educação Infantil. Ela é a abertura para a criatividade e a condução a novas aprendizagem.

    Vanilda Duarte 10/04/11

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